Há muito tempo é dito que crise gera oportunidades. Talvez a expressão mais correta seja “crise pode gerar oportunidades”, pois depende do contexto e da iniciativa de cada empreendedor para o despontar de soluções quanto a problemas pungentes.
Se há um aspecto positivo da crise em um negócio é a capacidade de fazer o empreendedor inovar, sair do piloto automático, usar os recursos a disposição, mas que por comodismo, ou insegurança, nunca os experimentara.
Muitos negócios para sobreviver durante a pandemia tiveram que lidar com esse desafio: inovar para vencer. Um dos setores mais afetados e que no meu ponto de vista foi um dos mais bem sucedidos em encontrar soluções em meio a crise foi a área da saúde.
Penso que pode ser interessante para quem está em busca de inspiração se aprofundar sobre as inovações que o setor implementou para fugir da crise.
Soluções que não só conseguiram evitar o colapso devido à paralisação e o risco de infecção pelo vírus, como aperfeiçoaram o modelo de atendimento tradicional.
Muitas das inovações no mercado da saúde em meio a pandemia vieram para ficar. Deram tão certo que os clientes não pensam mais em um mundo sem as novidades apresentadas. Os empreendedores do setor já entenderam que o futuro não pede menos do que o proposto na pandemia, pede mais.
Confira nos próximos tópicos as principais inovações do mercado da saúde durante a pandemia.
Novas tecnologias que nasceram na pandemia: o pior dos cenários proporcionou avanços
Consultas virtuais, inteligência artificial, banco de dados riquíssimos em informações. Os avanços foram consideráveis e fundamentais para a sobrevivência dos empreendimentos ligados ao setor da saúde durante a pior crise sanitária do século.
Transformação digital na saúde: consolidação da telemedicina
Antes da crise mundial já existia no Brasil algumas modalidades de atendimento que incluíam a telemedicina, mas eram muito restritas.
Com a obrigatoriedade do fechamento de locais públicos, todas as atenções se voltaram para esse modelo de atendimento. A regulamentação no Brasil, que estava travada na agenda legislativa, deu uma acelerada impensável poucos meses antes. Foi aprovada já em 2020 a Lei 13.989/20 que autorizou o atendimento médico online durante a pandemia.
Na telemedicina o paciente não precisa sair de casa para receber um diagnóstico preliminar sobre o seu problema. Tudo é feito de modo online necessitando apenas de uma conexão a internet.
O paciente relata o seu problema, informa ou envia versões digitalizadas de exames para o profissional em seu consultório. Ele se encarrega de analisar e indicar as próximas etapas para tratar o transtorno.
A praticidade e eficiência do modelo deu tão certo que uma pesquisa da “State of Telehealth” revelou que mais de 60% dos usuários pretendem continuar usando a telemedicina, combinada com consultas presenciais, mesmo encerrada em definitivo a pandemia.
Talvez seja um dos casos mais gritantes de implementação bem sucedida de ferramentas digitais em um setor tão importante nos últimos anos.
Uma lição a se tirar desse caso é a valorização do uso da tecnologia para oferecer mais de uma opção de atendimento ao cliente. Com mais de uma opção disponível, aumentam as chances de facilitar a interação entre marca e consumidor.
Inteligência artificial para prevenir e tratar pacientes
Outra inovação a se destacar no setor em meio a pandemia foi o desenvolvimento de algoritmos capazes de antecipar a evolução de quadros de pacientes infectados pela covid-19.
Se valendo de dados coletados no momento da triagem de pacientes em clínicas e hospitais de todas as regiões do país, pesquisadores da Rede Inteligência Artificial para covid-19 no Brasil (IACOV-BR) aplicaram machine learning para desenvolver essa solução.
O resultado foi a criação de uma rede eficiente para identificar casos graves e mais brandos de covid. A aplicação dessa metodologia ajudou ao menos 20 hospitais participantes da rede a se preparar, por exemplo, para atender alta demanda de internações nas UTIs.
A tendência é que o uso de inteligência artificial para prever padrões que possa desafiar o sistema de saúde de uma região seja ampliado para avaliar o histórico e evolução de outras enfermidades.
Portanto, é essa outra solução encontrada na pandemia para atenuar a crise de leitos nos hospitais que deve permanecer e receber mais investimentos no futuro.
Investir em tecnologia para melhorar processos é sempre um diferencial para se destacar da concorrência.
IA de análise de imagens radiológicas
Aproveitando o tema Inteligência artificial, outra aplicação da tecnologia em prol da medicina moderna nos últimos anos foi em relação às imagens radiológicas.
Para auxiliar médicos no trabalho de diagnóstico de casos de covid-19 foram desenvolvidos programas que coletam e comparam milhares de tomografias de tórax.
Talvez o mais famoso no Brasil seja o Radvid19. A plataforma está disponível para médicos de todo o país.
Ela conta com um impressionante banco de imagens radiológicas com mais de 25 mil tomografias. O algoritmo usado no programa consegue indicar por comparação se o pulmão de um determinado paciente se assemelha a quadros de infecções específicos.
O Radvid19 também aponta o nível de comprometimento do pulmão para sinalizar se há a necessidade ou não de internação. Projeção importantíssima no esforço de salvar vidas afetadas pela covid-19.
Essa solução tecnológica também tende a ser aplicada para análise e diagnóstico de outras doenças.
Diagnóstico molecular portátil
Também destaco uma solução provinda em meio a crise pandêmica que já teve grande penetração no mercado brasileiro. Trata-se do diagnóstico molecular portátil. Um pequeno dispositivo de baixo custo com tecnologia para fazer testes moleculares sem a necessidade de uso de instalações laboratoriais.
Solução providencial para fazer testes em massa para rastrear a evolução do coronavírus em vários países.
No Brasil, os testes moleculares foram liberados para venda em farmácias populares, possibilitando a qualquer cidadão fazer um teste de covid razoavelmente seguro.
O esperado para os próximos anos é que mais ferramentas de diagnósticos portáteis como essa sejam liberadas no mercado com foco em testar outras enfermidades.
Nada será como antes e isso não significa que será pior
O mundo não será mais o mesmo, mas isso não significa que será pior. Será com certeza diferente. Algumas limitações ainda nos serão impostas por um bom tempo, mas outras áreas avançaram muito graças ao uso inteligente da tecnologia a disposição.
Avanços que proporcionaram mais conforto, agilidade, praticidade e economia. Avanços que alteraram o padrão de atendimento e deu até novas feições a modelos de negócios. Avanços que às duas pontas da relação empresa e consumidor não estarão dispostas a prescindir.
Se o presente não favorece o seu passado, seja resiliente para construir um novo futuro. Conhecimento e inovação sem dúvida serão os seus principais aliados.