Imagine um hospital na UTI. A dívida mais que dobrou no último biênio, as críticas à qualidade do atendimento elevaram-se, a motivação dos profissionais desabou ao passo que os murmúrios cresceram.
Agora, imagine que durante a via crúcis de uma crônica de uma morte anunciada este hospital conseguiu encontrar uma solução redentora. Um meio de otimizar recursos com grau de eficiência inédito.
Médicos deixaram de ficar ociosos ou sobrecarregados, os problemas com agendamento de consultas cessaram, os suprimentos permanecem à disposição na medida exata.
Os gastos reduziram assombrosamente, as avaliações do público melhoraram em questão de semanas e a satisfação dos profissionais retomou patamares há muito perdidos no tempo.
Essa situação pode parecer fantasiosa, uma solução de roteiro fácil, um deus ex machina que apresenta uma resolução milagrosa e absurdamente omitida. Mas acredite: hoje ela é plausível e ocorrerá com mais frequência.
A solução de gestão aparentemente milagrosa de nossos tempos em nada se relaciona com questão de crença. É tecnologia, um novo tipo de tecnologia, uma evolução há muito aguardada que automatiza como nunca visto a interpretação de enorme volume de dados: Inteligência Artificial (IA).
A bola da vez
A IA é uma realidade na área da saúde e fará parte do futuro, da próxima evolução no atendimento e na solução de enfermidades ainda sem cura. Isto graças à sua incrível capacidade de interpretar dados.
A junção da capacidade de armazenamento de dados dos Big Data com a capacidade de interpretação e automatização de processos da IA, causa, hoje, impactos inéditos no setor da saúde.
A projeção para o futuro é ainda mais empolgante, pois é considerado certo o aprimoramento da tecnologia. Parcela maciça dos especialistas em TI e áreas correlatas estão convictos que realizações ainda mais impressionantes por parte da IA não são só plausíveis como iminentes.
Todo desenvolvimento tecnológico é impulsionado pelo interesse da indústria sempre seduzida por resultados. Os benefícios que a IA proporciona em diversas áreas são tão notáveis que iniciou uma corrida contra o tempo das big data e grandes complexos industriais.
Um exemplo recente desse processo ocorreu com a vacina da covid. Uma solução que em tempos normais levaria ao menos uma década, surgiu em questão de um ano e meio, porque literalmente o mundo parou para investir na solução do problema responsável por tantos outros, como crises econômicas.
Um exemplo que demonstra como a IA virou a bola da vez foi a mudança de rota promovida por Mark Zuckerberg. Ele estava imerso em seu metaverso, tanto que mudou o nome da empresa Facebook para Meta, de tão convicto sobre seu futuro.
Mas com a ascensão de ferramentas baseadas em IA alcançado fabulosa popularidade em velocidade espantosa, abandonou o barco do metaverso e decidiu priorizar investimentos em IA.
O vento mudou e agora sopra favorável a IA, que singra os mares impávida, destemida e com o futuro pela frente.
Diferenciais competitivos proporcionados pela IA
Hoje, quero compartilhar com vocês os avanços que a tecnologia no seu estágio atual promove no setor. Quero compartilhar como seus benefícios acrescentam diferenciais competitivos que podem ser determinantes para negócios em crise reverter à maré.
Prever risco de doenças
A IA tem capacidade de analisar grandes conjuntos de dados. Tal capacidade pode, e é, aplicada para prever risco de doenças.
Imagine que ao longo de um mês um hospital registra certa quantidade de pacientes que apresentam sintomas, ou características, embora não idênticas, mas que revelam um padrão de comportamento. Padrão que indica que a região poderá muito em breve ter uma alta de internações ou de solicitação de determinados tipos de medicamentos.
A IA no seu estágio atual consegue identificar esse padrão analisando e cruzando os dados. O software reúne condições para projetar os tipos de doenças e pacientes a recorrerem ao hospital nos próximos meses ou semanas.
Essa capacidade de previsão, por exemplo, foi usada durante a pandemia em que algoritmos conseguiram identificar quando a região de um hospital sofreria surto de covid e demandaria mais leitos.
Com base nessas projeções, muitos hospitais conseguiram se preparar melhor para atender a demanda. Essa lógica continua a ser aplicada e será cada vez mais no futuro.
A projeção pode determinar a qualidade e a proporção dos investimentos a se fazer no futuro.
Fim das glosas
O uso da IA na gestão hospitalar também está reduzindo problemas entre hospitais e operadoras de planos de saúde.
Hoje é possível aplicar IA para a realização de auditorias inteligentes. A automatização de leitura de dados possibilita identificação mais eficaz de erros ou irregularidades nas contas.
Identificação de pontos de melhoria
Esta nova tecnologia também é aplicável para se identificar processos no sistema de saúde com potencial de serem otimizados. A IA pode ser programada, a partir do acesso, análise e comparação de dados, a mapear pontos falhos.
Por exemplo, o programa identifica com o cruzamento de dados que o tempo de atendimento do período vespertino é maior em relação ao turno noturno e matutino. Mesmo o período da tarde contando com número idêntico de profissionais e número similar de pacientes.
Ou seja, infere-se com esse apontamento haver alguma engrenagem enferrujada no período que requer análise mais atenta.
E melhor, além de identificar comportamentos fora do padrão, a IA pode sugerir melhorias para resolver o problema se baseando em dados de casos semelhantes ou idênticos ocorridos em outros locais.
Sistema de triagem mais eficiente e preciso
O padrão até o advento da IA era os pacientes receberem a primeira análise na enfermagem, onde se colhe as primeiras informações do estado de saúde do paciente por intermédio de medidores de pressão e pela externalização do próprio sobre suas queixas.
Baseando-se nestas informações, cabia a enfermeira ou enfermeiro chefe a classificação do estado de saúde do enfermo. Ocasião em que se distribuem as fitas verdes, amarelas ou vermelhas.
Por mais competentes que sejam os profissionais em campo, ninguém é imune às falhas. Além disso, os próprios pacientes podem dificultar diagnóstico preliminar assertivo devido a dificuldades momentâneas ou crônicas para se expressar.
Com a IA, esse grau de imprecisão e equívocos diminui ao se inserir no software dados concretos passíveis de cruzamentos com outros dados para se chegar a um veredito sobre a condição do paciente.
Monitoramento de leitos em tempo real
Outra vantagem competitiva que a IA proporciona a gestão hospitalar diz respeito ao monitoramento dos leitos.
O software conta com recursos para monitorar em tempo real a ocupação dos leitos e atualizar imediatamente quando são liberados ou até fornecer previsão de quando serão liberados.
Isto colabora para os hospitais avaliarem sua capacidade de atendimento e de garantir que oferecerão o atendimento necessário no momento que o paciente precisar.
Inteligência Artificial não é luxo, é investimento indispensável para a evolução da gestão hospitalar
Destaco antes de concluir que neste artigo foquei nas soluções específicas de gestão, mas o uso da IA é mais abrangente do que talvez imagine.
A tecnologia é usada neste momento para melhorar a precisão de diagnóstico e tratamento de doenças, análise da jornada do paciente e pesquisas médicas.
Os evidentes benefícios e o notável salto de qualidade na gestão hospitalar proporcionada pela tecnologia torna o emprego da IA um instrumento valioso. Valioso para promover ponto de inflexão na trajetória de negócios em queda livre e para aqueles que buscam subir mais um degrau na escada da excelência.
Estamos testemunhando uma revolução em andamento que logo deixará de ser uma novidade, mas o padrão. Por isso, aconselho aos que precisam e pretendem se diferenciar: larguem na frente e abracem a era da Inteligência Artificial. Ela veio para ficar.