A CVC conseguiu um grande feito no mercado. Conquistou apoio e confiança de players importantíssimos do sistema financeiro para alongar sua dívida de R$ 1 bilhão e obter a tração necessária para deixar o fantasma da covid definitivamente para trás.
Certamente há muito do mérito dos executivos da principal operadora de viagem do Brasil neste feito, mas não é só competência que explica. Há outros fatores que merecem mais detalhamento e será nosso foco neste artigo.
Prossiga na leitura!
No olho do furacão
Mais um ano se passou e o previsto aconteceu. O Natal foi movimentadíssimo e o Réveillon estupendo. Milhões deixaram suas casas para curtir esses momentos especiais com a família e amigos e saíram dispostos a consumir, para a alegria do comércio.
As férias de janeiro e fevereiro também não decepcionaram e o carnaval se fez notar como sempre. Tudo parecia bem em 2020. Mais um ano se iniciava, mais uma alta temporada se encerrava e agora era ser criativo para sobreviver até o meio do ano, até as férias da criançada.
Tudo bem, todo ano tem o seu período de vacas magras e gordas. Quem está há muito tempo no mercado acaba se acostumando e encontrando suas saídas. O importante é que o caixa nunca deixe de se movimentar.
E foi exatamente isso o que ocorreu em março de 2020 no Brasil. O caixa de todo comércio que dependia da presença física de pessoas deixou, por questão de necessidade máxima, por questão de vida ou morte, de se movimentar.
Comércios foram proibidos de abrir, transportes coletivos deixaram de circular, civis foram incentivados a permanecer em casa.
O impensável ocorreu naqueles idos de 2020. A soma de todos os medos do setor de turismo ocorreu em um estalar de dedos, de um dia para o outro. A covid paralisou não só o Brasil, mas o mundo inteiro.
Queda vertiginosa
E o pior, não foi por uma semana, um mês, nem um ano, foram anos de fechamento, total ou parcial. Não importa o tamanho da restrição, o fato é que por muito tempo a vida deixou de operar na sua lógica normal e o setor de turismo foi o maior prejudicado na crise.
Em 1 ano de pandemia, houve redução de 59% no faturamento do turismo brasileiro e de 58% na economia criativa, conforme a 2ª edição da Revista Dados & Informações do Turismo publicada pelo Ministério do Turismo.
O baque foi pesado, as previsões eram as piores possíveis e o rombo financeiro nas empresas de turismo desastroso.
Contendo a crise
A dívida da CVC neste período dramático, no entanto, ao invés de crescer diminuiu. Em dezembro de 2019, antes da pandemia, sua dívida era de R$ 1,8 bilhão, passados mais de dois anos de crise, atingiu o patamar dos R$ 924 milhões no segundo trimestre de 2022.
Ou seja, a CVC aproveitou o período em que não haveria necessidade de investimentos para controlar a sangria e se manter operante.
Movimentação vista positivamente pelo mercado, ainda que enquanto a pandemia durasse isso não seria suficiente para evitar seu colapso, pois gestão responsável não é imune a falência se não puder contar com captação substanciosa de recursos.
Porém, felizmente, o pior da tormenta passou e no horizonte é possível notar o raiar de um novo e belo alvorecer para o setor do turismo.
Retomada após a crise: ótimas perspectivas para a CVC e o setor de turismo
A maior operadora de turismo do país conseguiu resistir a tormenta e se manter viva e funcional para poder colher os frutos da retomada, que promete ser grande para o setor do turismo.
Ao menos essa é a expectativa de investidores e do mercado financeiro em geral.
Após longos anos de confinamento ou restrição de viagens, é natural haver uma enorme demanda reprimida ávida por voltar a viajar, conhecer novos lugares e proporcionar experiências marcantes fora de casa para a família.
Os números da própria CVC neste começo de ano indicam este movimento. No primeiro mês de 2023, a companhia registrou crescimento de 90%, em comparação a janeiro passado, nas reservas confirmadas. Totalizou R$ 1,35 bilhão.
Sua rede de lojas apresentou crescimento de mais de 130% em emissões, refletindo o processo de transformação digital conduzido ao longo de 2022.
Essa projeção de retorno forte, gradual e consistente da demanda no setor de turismo foi um dos principais trunfos para a CVC conseguir renegociar sua dívida que beira a R$ 1 bilhão.
Sobre a renegociação da dívida
A CVC para ficar a altura da forte retomada que parece se vizinhar para o seu segmento nos próximos anos precisa levantar recursos. Iniciativa que seria minada com a necessidade de pagar quase R$ 600 milhões de sua dívida aproximada de R$ 1 bilhão em debêntures com vencimento em abril de 2023.
Por esse motivo, seus executivos decidiram negociar diretamente com o grupo de fundos e bancos a frente das debêntures o alongamento da dívida e uma nova captação de recursos no mercado.
Em nota, a CVC defendeu que sua dívida se encontra compatível com a sua atual operação e tem intenção de renovar R$ 670 milhões de débitos que vencem nos segundo semestre de 2023.
Ainda informou que não pretende aumentar o valor emitido de debêntures, em torno de R$ 900 milhões.
Joga contra as pretensões da CVC o fato do setor de turismo requerer forte capital para suprir a demanda por viagens, a empresa pagar primeiros os fornecedores para depois receber e ter que conviver com a elevada taxa de juros no Brasil.
Os juros elevam os preços de seus pacotes de viagens e comprometem a venda, em especial para o público caro para a companhia, a classe C.
Contudo, a gestão eficiente e a perspectiva positiva para os próximos meses, ancoradas nos resultados promissores do início do ano, acabaram pesando na decisão dos investidores.
Gostou deste conteúdo sobre como a CVC conseguiu renegociar sua dívida de R$ 1 bilhão em debêntures? Então curta, compartilhe, avalie. O seu apoio é muito importante para o nosso trabalho.