A inflação virou pauta no cotidiano dos brasileiros. Está presente nos mercados, nos bares, nas mesas das famílias e nos noticiários. Infelizmente, esse fantasma que parecia um pesadelo já distante e enterrado nos anos 1990 retornou com força.
O aumento do custo de vida sem dúvida é dramático entre a população mais pobre, que passa a viver em insegurança alimentar. Para a classe média é frustrante, pois se vê forçada a adiar planos, de lazer ou de negócios, e para as empresas a desaceleração da economia inibe investimentos e dificulta o bater de metas.
Para em negócios em recuperação, a alta da inflação é especialmente amarga. Esse contexto econômico ergue entraves duríssimos que freiam a retomada do crescimento, quando não afundam as pretensões do negócio ao desespero da quebra iminente.
Neste artigo trato justamente das dificuldades impostas pela inflação as empresas em processo de recuperação. É o desejo de todos que nos próximos meses e anos a situação melhore, mas é prudente se prepararmos para todos os cenários, inclusive os mais sombrios.
Entender como a inflação pode afetar os planos do negócio é uma precaução que considero sábia para resguardar a empresa. É um conhecimento valoroso, por exemplo, para preparar uma estratégia especialmente voltada a esse cenário desafiante.
Ignorar os riscos da inflação é se deixar se conduzir ao sabor do vento sem rumo definido. Você pode sobreviver, ou afundar no precipício. Vale o risco?
A inflação e suas feras
O brasileiro gosta de dizer que enfrenta um leão por dia. Pego a ideia emprestada para descrever os entraves originados da inflação como feras a tocar o terror na vida do empresariado em fase de recuperação.
Elas impõem medo, podem crescer rapidamente e demolir negócios da noite para o dia. Podem atacar sozinhas ou em conjunto.
Vamos a elas.
Primeira fera: Aumento dos custos de produção
Todo plano de recuperação deve contar que a empresa mantenha ativo o seu setor de produção e alimentando uma base robusta de clientes. Quando há aumento da inflação, uma das possíveis consequências é a elevação dos custos da cadeia produtiva. Um insumo importante pode sofrer alta considerável.
A consequência natural do aumento é repassar o custo de produção aos clientes. O desafio, entretanto, é repassar esses custos sem perder volume de vendas. O bolso do consumidor é sensível, com todos sabemos.
Se a concorrência estiver em uma situação melhor e conseguir segurar os preços por mais tempo? Se conseguir não repassar o aumento integral aos clientes?
Outra possibilidade é compensar esse aumento oferecendo outros benefícios. Mas a sua empresa terá condições de fornecer outros benefícios?
Se um negócio não consegue elevar seus preços a ponto de compensar os impactos da inflação, falhará em manter seus fluxos de caixa em termos reais.
Eis a receita do desastre.
Segunda fera: reajustes salariais
No Brasil, reajustes de diversas categorias de trabalho são baseados na inflação passada. Quando há uma alta da inflação em determinado período, essa alta acaba se refletindo, ainda que não integralmente, nos salários.
Ocorrência que também impacta os custos da cadeia produtiva.
Terceira fera: aumento da taxa de juros
Tão previsível quanto à morte e o nascer do sol. A elevação da taxa de juros por parte do Banco Central em momentos econômicos delicados. Essa medida ocorre para tentar frear o aumento da inflação.
A lógica é a seguinte: aumentando os juros, os crediários e os empréstimos encarecem. Isso tem o efeito de reduzir o consumo, ou seja, os clientes deixam de comprar mais produtos e os estoques das empresas ficam cheios.
Com a retração das vendas, os empreendedores se veem forçados a redistribuir os custos de produção para outros setores e não concentrar tudo nas costas dos clientes.
Os preços dos produtos na prateleira caem, ainda que com um leve aumento em relação ao período anterior de inflação estabilizada.
Como o aumento dos juros afeta as empresas em recuperação? Afeta na questão do encarecimento do crédito.
O problema do encarecimento do empréstimo
Suponha que sua empresa fez um planejamento detalhado para apagar o incêndio nas contas e voltar a operar no azul. Dentro desse planejamento estava incluído solicitar um empréstimo em uma instituição financeira, pois foi identificado que os juros que pratica são mais atrativos e viabilizam a retomada de crescimento.
Mas o mundo girou rápido demais e quando chegou a ocasião de assinar o empréstimo, o empreendedor se deparou com cenário bem diferente do anterior. Os juros ficaram mais agressivos e deu mais musculatura ao desafio de quitar a dívida.
Portanto, o aumento da taxa de juros coloca a empresa em situação desfavorável para captar recursos. Ela pode se ver forçada a arriscar ou ter que alterar os seus planos em busca de uma alternativa mais amigável.
O problema apenas aumenta se a inflação continua a subir e o Banco Central manter a postura de continuar elevando a taxa de juros. Em pouco tempo, o que antes parecia ruim, pode se transformar em um conto de fadas.
Quarta fera: dívidas atreladas a inflação
Outras feras assustadoras que surgem do ventre da inflação são as dívidas atreladas em seu seio. Ou seja, dívidas dependentes dos índices inflacionários.
São as dívidas mais perigosas nesse contexto, porque estão mais sujeitas a reviravoltas. De um mês para o outro pode ocorrer uma escalada súbita da dívida em razão da inflação e pegar o empresário de calças curtas.
É uma situação terrível, pois tem poder de aniquilar qualquer planejamento, principalmente se este não contar com uma reserva de emergência ou com um suporte de alguém de confiança.
Tornou-se vítima da inflação? Não se desespere!
Não é segredo que o país passa por um período conturbado que vem derrubando muitas empresas e famílias. São poucos hoje que podem se dizer completamente imunes da crise. Todos estão em alerta, ou deveriam estar, para não ser mais uma vítima e se você está em dificuldade, saiba que não é o único.
E saiba que há esperança. Talvez sinta que deveria ter lido esse texto meses atrás, mas não se culpe. A vida é um eterno aprendizado e o importante é aprender com os erros.
Você estar aqui, buscando soluções para o seu negócio em crise e isso demonstra que você tem o que falta em muitos: energia para lutar. Precisa apenas de orientação.
Eu sou especializado em turnaround empresarial. Tenho como ofício ajudar empresas em crise a salvar o barco e retomar o crescimento. Entre em contato. Posso te ajudar.